Mas
eu não sabia se ele estava indo ou vindo. Meus olhos inundados de lágrimas não
permitiram a distinção entre o que eu desejava e o que ocorria.
Era
nossa penúltima aproximação que já apontava para o caminho solitário da volta à
coisa mesma: eu cá, ele lá, e o mundo ao redor a ser experimentado. Na
penúltima conversa não houve barreiras, porém não houve entusiasmo; tratamos de
cansaços e de situações estáticas, de dilemas e das longínquas possibilidades
de mudanças.
Na
penúltima caminhada não falamos de planos nossos – estes não existiram. Falamos de nossas vidas
às sós, pois o que cada um colheu nos encontros antes do penúltimo foram apenas
possibilidades de nós mesmo.
Percebo
que foi a impossibilidade-do-nós que embaçou minha visão e enquanto ele ia ou
vinha, eu agradecia a Deus por mais aquele momento, mesmo sendo o penúltimo e
não haver outro caminho de continuarmos juntos e ainda assim, estarmos livres.
Então,
noutro momento, ele me falou do que não sentia e pude ver claramente o que já
não era necessário pressupor: não se tratava mais do penúltimo encontro, pois
desta vez, mesmo com os olhos encharcados, eu soube que ele realmente ia e era
eu quem vinha.
2 comentários:
E, no final das contas, acabaram por encontrar-se! Quem dera essa fosse a minha história! Beijobeijo
joaquim, teus textos são ótimos. ;)
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