Estava
tentando ler Peter Camenzind, mas uma tristeza abateu-se sobre mim. Uma tristeza
só; desacompanhada de quaisquer sentimentos. Fria como a chuva que cai lá fora.
Fria como a solidão. Fria como Hesse jamais poderia ser.
Não
há quem possa me contatar? Não há profundidade. Há apenas amenidade. E será
seria assim por um longo, longo tempo? Desconfio que será seria assim
durante toda esta vida. Vez por outra afirmo que o amor não será seria
para mim; não nesta vida. E meio que me tranquilizo por não me obrigar a esperá-lo;
pois já nem o procuro mais, e às vezes rio quando algumas pessoas apresentam-me
algo chamando de amor: “isto não é amor, eu
sei onde vai dar!” O amor eu não conheço. Contato, fascinação, paixão,
desespero... tudo isso já passei e fiz algumas pessoas passar. Do amor só tenho
palpites, a versão doutrem; nada mais.
Hoje
está frio pela ausência de contato. Contato real. Língua, lábios, mãos, pele, pelos,
pau, cu... sem contato real, seriam apenas cu, pau, pelos, pele, mãos, lábios,
língua frios: excitar-me-iam para logo em seguida congelarem-me de frustração.
Uma
tristeza descompassada, mas inequívoca. Uma tristeza solitária de quem quase
não se mostra; só quase, para que haja o que surpreender. E se possa ter,
quiçá, um parâmetro do que seria o Amor.
Talvez
seja justamente a “nostalgia da beleza do mundo, da amizade e do amor” toda
esta solidão fria. Talvez hoje eu seja Peter Camenzind.
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