segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Um silêncio exterior

É hora de calar a palavra falada.
A palavra escrita permanecerá; pois ela é uma sobrevivente; mesmo quando não se há ameaça declarada, a palavra escrita será uma sobrevivente.
Calo-me por minha fala de mim pouco dizer. Contraditório? Mas nem por isso menos verdadeiro.

Há algum tempo evitava escrever, evitava deixar gravado, evitava registrar qualquer informação que me retrataria, e tentava viver cada momento em sua volaticidade de segundos. E para quê? Se segundos são tão ínfimos e tão ligeiros como o presente que se vai a cada instante tornando-se pretérito?!
Evitava tudo isso para encobrir-me de um falso contato, mascarado superficialmente de uma profunda necessidade de atenção – segundo certa percepção projetiva. De forma alguma refuto esta possibilidade, ¡ pero yo soy más que esto, hermano!

É hora de calar a palavra falada. Pois dela nunca fui tão afeito, apesar de me causar tremenda fascinação. É hora, pois não preciso de sua efemeridade, preciso apenas de sua expressão, que já a tenho. Então... calo-me.