Hoje, quando vejo os anos marcados em faces alheias, noto minhas futuras rugas de expressões cansadas. Elas estão à espreita, farejando a preguiça de minhas ações e a flacidez de meus desejos.
Queria ter alguém que notasse isso antes de mim. Pois é muito solitário conhecer-se; recompensador, mas ainda assim solitário. Penso que o ruim de se ser só, não é a ausência de afagos ou declarações – isso acontece também em companhia – o ruim de se ser só é olhar para o detalhe da sala, ou do outro, ou de uma maneira de pensar e não haver quem compreenda o porque daquele, justo daquele detalhe, ter-se tornado figura tão atraente. O ruim de se ser só, antes de tudo, é a perda da maravilhosa companhia da intimidade recíproca.
Então se sobrevive sozinho, por não se estar completo. Porém não se vive mais.
Altos / Piauí
16.07.2010