Sei que calado não pioro a situação, contudo as palavras depois de formuladas deixam de ser apenas abstrações, ganham existência concreta e tomam de conta da gente de forma que elas têm de sair ou nos sufocam. Sinto que escrever não será para mim válvula de escape das palavras não ditas por muito tempo. Um grito urra por ganhar forma em ouvidos outros e não sei se aguentarei ou se quererei contê-lo por muito tempo.
Ó saber que a sacudidela não destruirá? Será que alguém cuja ansiedade tanta encobre a existência tem condição de encarar a vida? Não sei. Não sei. Não sei... não sei nem se tenho coragem de tentar saber. É desesperador – não! corrijo-me, sempre espera-se o pior nesta situação – é angustiante saber de tudo isso e não saber o que fazer. É um não-querer-desejoso-de-esperança que nos agarra pela consciência e ata-nos. E nunca afrouxa. E amarra sempre mais. E sempre mais, mais, mais... sempre.
É amor demais, cobrança demais, expectativa demais, ansiedade demais, estresse demais, xingamentos demais... presença demais. É bem isto: vivo em um ambiente de excessos. Logo eu, tão afeito à simplicidade, melhor dizendo, à sobriedade. Talvez seja esta a causa de minha repulsa por tudo que passe dos limites.
A respiração soltou-se novamente. Mas até quando?