segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Meu momento Paulinho Moska

Nunca foi tarde

Ando pela rua a te chamar
Mas na verdade, tanto faz
Porque visto as frases que você me deu
Mas elas não me servem mais
O que aconteceu com seu futuro que era o meu?
Agora não adianta mais me responder
(nem venha me dizer)
Quem passou do ponto onde era longe
E de que jeito era o certo
Porque minha dor sempre se esconde
Mas nunca sai de perto
O que aconteceu com meu futuro que era o seu?

Eu não vou provar do seu antídoto
Que me salva e me condena a me encontrar perdido
Não preciso de você pra descobrir
Que a estrada infinita que tenho que seguir
Não leva a nada

Começamos o fim... É assim
O melhor pra você, o melhor pra mim
Eu não voltaria mesmo
E você não podia ter ficado aqui
(nunca foi tarde)

E hoje quando amanhece sol
Abro a janela para a chuva
Que coincidência: tua mão
Não cabe mais na minha luva
O que aconteceu com o futuro que morreu?...
Ou nunca existiu?
Você nem olhou pras coisas que admiro
E nem me ouviu
Mas era eu quem te chamava com meu último suspiro
O que aconteceu com o futuro que se perdeu?
(nunca foi tarde)

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Eu estava no campo quando ontem choveu

Ontem choveu – mas choveu mesmo, não era só aquela garoinha que se espera que caia em outubro – e eu estava no campo quando tudo aconteceu.

Sempre gostei de chuva, mesmo quando não podia banhar nela e ficava no parapeito da janela observando meus primos correr de um lado ao outro da rua em meio àquela confusão de água caindo, escorrendo e levando suas folhas de cajueiro que eram barquinhos numa disputa. Era tudo muito pueril.

Ontem me abstive de banhar na chuva. Eu tinha um pretexto e um motivo: estou resfriado/gripado, e já sou um adulto. – Não que adultos não possam ou não devam banhar-se de chuva – foi que a chuva me fez lembrar o que uma pessoa muito especial fica me dizendo: “cara tu já é um adulto! Eu fico imaginando tu no meio de um monte de meninos tomando sorvete e fico me perguntando se tu não te lembra que tem uma monografia pra terminar, um curso pra concluir e um emprego pra arrumar?
Eu tenho uma monografia a terminar, um curso a concluir e um emprego a arrumar. Já não posso me dar o luxo de ter sempre bons momentos com os amigos, a responsabilidade me desperta a cada manhã e esfrega na minha cara que não há tempo suficiente, que não há dinheiro suficiente, que não há oportunidades suficientes...

Mas ontem choveu e eu estava no campo quando tudo aconteceu.

Sempre gostei do campo, é tranqüilo e me faz lembrar que a vida é suficientemente simples para se honrar as responsabilidades.

Ontem choveu, mas eu estava no campo quando tudo aconteceu.

E não tem nada de especial nisso, a cidade é a mesma, a vida é a mesma, as urgências são as mesmas: ainda tenho uma monografia a terminar, um curso a concluir e um emprego a arrumar; ou seja, o compromisso de chover no campo das responsabilidades de ontem.

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Para quebrar algumas expectativas

Há dois dias chove diversos pensamentos que acompanham as mornas gotas setembrinas das chuvas dos cajus. Tais pensamentos seguem perpendicularmente ao chão e violentamente se espalham em poças que não querem escoar, mas penetram no solo das revelações.

Não gostei do parágrafo anterior: muito floreado, muito volteado... no fundo diz pouco.
(um parêntese: outrora este estilo meio lunático de escrita me fascinava. As percepções variam, os interesses mudam. Hoje percebo o vazio e já não me interesso: fecho o parêntese)


“Há dois dias penso e tenho conclusões violentas” – essa frase é bem melhor que todo o parágrafo. Conclusões violentas apenas por minha resistência em aceitá-las. Talvez por ainda idealizar algumas atitudes – que droga... ainda não me livrei de criar expectativas!

[suspiro] E então o relato começa...

O fato é que estávamos todos descontraidamente relaxados quando ele solta:
– Por que essa ralé tá tirando nossa foto?
Um mal-estar instalou-se instantaneamente.
Desta vez, fui arremessado sobre a tela de proteção que separa(?) os hemisférios de um mesmo mundo. – Eis minha conclusão violenta.

Conceitos de finas e ralé fazem-me perceber que ambos são farinha do mesmo saco, imundo, de despeitos, de críticas, de olhar preconceituoso, e que se posta no mesmo nível desrespeitoso de relacionamento.

Chega de mimos!
Chega de pensar que a existência gira em torno de finas ralé ralé finas!
Chega de pensar que finas e ralé têm qualquer significação concreta!
Chega para mim!

Caio fora, pois quero seguir minha vida sem a obrigação de colocar minha existência na consciência alheia. Assim, boa sorte aos que ficam e sejam bem-vindos aos que comigo seguem.