terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Monólogo sobre meu amor infinitivo

O que sentes? Descreve teus sentimentos.
Claro que sabes. Sabes exatamente o que sentes. Não te fujas!
...

Hum!
“Chateado...” – sê mais exato. És possível.
“Estranho...” – realmente, tu já não te contatas. Ainda te reconheces?
Sabes exatamente teu poder nas palavras. O que te impedes, então?
...

“Medo.” – agora sim. Continua nomeando-te para que te possas substantivar, subjetivar-te. Não te caracterizes. Apenas seja!
“ É porquê?!!!” – não te justifiques. Interessa-te realmente a justeza de tua causa? Não eras então os teus sentimentos...
Sabes exatamente teu poder nas palavras. O que te interessas, então?
...

Ah! bem, agora fala-te de amor.
O que tens?
“É que achas... pensas... sabes...” – fá-te um favor: cala-te! E não te transforma numa profecia!
Sabes exatamente teu poder nas palavras. O que te queres, então?
Se assim fizeres, lançar-te-ás no labor eterno de fugir ou entregar-te em tuas palavras. Pondera. Retoma então ao teu tema: teu amor.
Já sabes até qual lição tu terás!

Tu já amaras, pois te compartilhaste ainda em época pretérita.
Época em que nem sabias se tu amarias.
Amastes quando te apaixonaste,
Quando te indagavas: realmente amarás?
Hoje amas, bem sabes.
Porém, deves recomendar-te imperativamente: ama!
Continua amando,
Sendo ou não amado,
Pois és indicativo do amor que tens
E fugirás da maneira subjuntiva, logo neurótica
De amar.

E só para arrematar-te: quando falares, quando pensares... enfim, quando te inquietares: recorre a outrem. Não te prendas a ti mesmo, pois é no encontro com uma terceira pessoa que deixarás de apenas falar-te contigo, para ser a primeira pessoa em teu próprio discurso!