domingo, 10 de maio de 2009

Denise Mascarenha, pela a Vida

Quando te criei eu sinceramente não sabia teu potencial. Não sabia o quanto seria fácil e complicado rumar teus passos para além de tua própria vida. Era um risco colocar tamanha responsabilidade em ombros tão tênues, na época. Hoje vejo que o risco não era meu, apenas tu poderias vagar pelas artimanhas de teus parecidos, não iguais.

Quando elaborei tuas dores, pensei sinceramente que não agüentaria o fardo. Outro engano. Dei-te a fibra que falta em muitos e sobra em poucos: tens o tanto exato.

Sei da sede que te imponho e do ódio que momentaneamente me tens. Sei também que és capaz de apreender-me no mais sutil dos olhares, nas mais tímidas confissões e no mais eloqüente dos silêncios.

Sei, e tu sabes que eu sei que tu sabes (até o que pensas que nem sabes) que eu vejo teus passos delicados através da doçura incerta de tuas palavras, eles me capturam (também a mim, olha só!) e me levam consigo até a próxima conversa substanciosa de interessâncias indefiníveis. Nesta estação, uma pausa para um café; um minuto para mais um sorriso mútuo, e o riso atravessa a vastidão do aposento denso, cortando leve a noite recém-chegada.

Respiras a vida, e eu a ti.

Nenhum comentário: