sexta-feira, 25 de setembro de 2009

E agora, Maria?


Maria não sabia o que ocorria, mas já estava antevendo o “é que você é boa demais e não quero fazer você sofrer... blah... blah... blah...” – era sempre assim: entregava-se ao amor com toda delicadeza, coração palpitante de novas emoções e quando menos esperava, dava-se conta que tudo ruía novamente. Outro ciclo concluir-se-á em pouco tempo. E já é chegada a hora de dar mais uma vez adeus. Um aflito, angustiante e necessário adeus.

O que Maria não suportava nisto tudo não era o esmigalhar de uma relação recíproca – por mais que desejasse, (não) nunca houve reciprocidade! – nem ter de recomeçar mais uma vez. Não suportava a ideia de que (estivesse) estivera sozinha numa relação e era o que fatalmente acontecia, quando não estava mais sendo conquistada, quando a brincadeira-de-cativar-o-coração-de-mariazinha acabava. E a brincadeira sempre acabava quando era sua vez de jogar. Que sina!

A garota também se angustiava por, mais uma vez, perceber-se deslocada num mundo onde os brinquedos mais divertidos eram formados nas rasas relações de sentimentos frouxos e que, para ela, não tinham a menor graça. Por isso ela sabia que era exceção, ainda era exceção, e já não sentia necessidade de inclinar-se para espiar o amor cotidiano, sempre aquém de si. Sua índole não lhe permitiria. Entrar no jogo seria desvirtuar o que mais importava em sua vida: o amor. Para esta traição de si não havia disposição.

É só uma pausa, uma cauterização e um beijinho de quando-casar-sara para Maria continuar sua busca sem arrefecer. Afinal, suas disposições formam um manancial do qual brota os mais voláteis e rarefeitos traços de amor. E da mesma maneira que ela o cultiva em suas relações, necessariamente profundas, continuará buscando-o em sua forma mais pura. Basta passar o tempo da cicatrização, Maria voltará à ativa, e ainda uma vez se deixará entrar na brincadeira-de-cativar-o-coração-de-mariazinha, talvez tenha mais sorte.

É assim. Tem de ser assim. De outra forma não poderia usar a denominação “Eu aMaria”!

7 comentários:

Roberta Fauth disse...

Arrepiou...

Lizandra disse...

ótimo post joaca, a brincadeira do título ficou ótimo,o texto também, e o final então?muito bom!!

bj.

ps: vcs são frescos.

Maria disse...

E essas almas que se lêem e encontraram um recreio nos olhos alheios? Não sinto alguém que tenha tanta autoridade para falar por mim como você. Por sentir minha dor e meu amor. A gente ainda vai rir disso, não vai? Não! A gente já ri. Por ter como alento esta companhia que é ‘abrigo entre tanto amor, entre tanta dúvida’. Sinto, lá na frente minha, digo, nossa índole fará valer. Que seja em forma de flor. rs

E a sina continua: ‘nossa sina é se ensinar, a sina nossa é’ ♫

Bê Matos disse...

"é que você é boa demais e não quero fazer você sofrer... blah... blah... blah...” - Pois é, também já ouvi dessas. Várias vezes.


Moço, que's palavras lindas são essas? :) me tocou profundamente, aqui.

Beijos :*

Marília disse...

É simplesmente belo! quando eu leio aMaria sinto a palavra que aqui foi citada, "amor", e todas as outras definições como a delicadeza, e outras emoções, porque do jeito que ela sente, ela escreve, e nos faz sentir... sinto que é a sua forma natural de ser Maria, ela Amaria, que nasce sua poesia... já gosto tanto dessa menina Maria que fico com os olhos lágrimados ao ler tão belo texto para ela... parabéns! beijos com carinho.

Lêda Maria disse...

Que lindo :)

Maria e vc,vc e Maria.

Fernando Rocha disse...

Cheguei ao seu blog, por meio de um post no blog da Maria, gostei do texto e resolvi dar uma sacada em outros textos do autor.
www.neuroticoautonomo.zip.net