sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Apenas

Hoje, quando vejo os anos marcados em faces alheias, noto minhas futuras rugas de expressões cansadas. Elas estão à espreita, farejando a preguiça de minhas ações e a flacidez de meus desejos.

Queria ter alguém que notasse isso antes de mim. Pois é muito solitário conhecer-se; recompensador, mas ainda assim solitário. Penso que o ruim de se ser só, não é a ausência de afagos ou declarações – isso acontece também em companhia – o ruim de se ser só é olhar para o detalhe da sala, ou do outro, ou de uma maneira de pensar e não haver quem compreenda o porque daquele, justo daquele detalhe, ter-se tornado figura tão atraente. O ruim de se ser só, antes de tudo, é a perda da maravilhosa companhia da intimidade recíproca.

Então se sobrevive sozinho, por não se estar completo. Porém não se vive mais.

Altos / Piauí
16.07.2010

Considerações de um agora póstumo

Eu retornava de Pedro II e rabisquei estas impressões para o inverno que chega ao fim logo mais:

O tempo ameno. A brisa suave. A vida mansa. Todavia, a monotonia à espreita. O que fazer? Esperar? Não há paciência suficiente. Não há disposição à espera. Não há... não há...
Um vazio ecoa oco. Por que não existe mais o ribombar dos fogos emotivos?
A vida é estranha a seu tempo. E estranha o suficiente para nos impressionar.

Pedro II / Piauí
06.06.2010

Fora uma profecia, certamente... que vagarosamente se vai cumprindo.