quinta-feira, 31 de julho de 2008

Palavra

Há muitos que a palavra não diz lá muita coisa, ou melhor, há muito que não se presta atenção ao que a palavra diz.

– Contraditória esta vida de palavra!

Quando se cogitou o primeiro raciocínio, fê-lo através da palavra.
Palavra, esta, incomunicável; muitas vezes inteligível; poucas vezes repleta de sentido. E quando o tem, falta-lhe o significado.

– Indecifrável esta vida de palavra!

Quando se materializou a primeira mensagem, fê-la através da palavra.
Palavra, esta, concreta; muitas vezes acessível; poucas vezes consubstanciável.

– Engraçada esta vida de palavra!

Há muitos que a palavra não é interessante.
Há tempos que se perdeu seu domínio.
Há instantes que me palpita a idéia de que não mais se comunica com a palavra.
Há de se resgatar a graça de uma vida indecifrável e contraditória dessa vida de palavra.

sábado, 26 de julho de 2008

Arte de Amar

Será, Bandeira, que a alma é que estraga o amor? Isto sempre me questionei.

Não creio n’alma estragando qualquer coisa. Ao contrário. É com a alma que se encontra o sentido; não apenas do amor, mas da vida.

A mente – esta sim – é que estraga o amor.
Ela é que planta dúvidas em nossas esperanças.
Ela é que exige plena consciência de todos os atos e, por mera paranóia, de todos os sentimentos.
Ela é que embaraça o pouco que se entende das sensações, do estar se deixando apaixonar-se...

A mente já não é suficiente para mim. Eu preciso de alma; da minha alma; que minha alma entre em contato com outra alma, assim como meu corpo vem contatando outro corpo.

Eu quero sim, Bandeira, sentir a felicidade de amar.
Porém não esquecerei minha alma.
A mente é que estraga meu amor – não a alma.
Sei que em Deus a alma pode encontrar satisfação – se até no mundo...

As almas são incomunicáveis? – Besteira! Há de se senti-las. Contatá-las.

Por enquanto vou deixando meu corpo sentindo aquele outro corpo – sem entender coisa alguma!
Porque os corpos se contatam, mas almas se fundem para nos deixar perder nos olhos um do outro.

sexta-feira, 25 de julho de 2008

Ora, porque não!

Altos, 25 de julho de 2008.

Escutar Carmina Burana (Carl Orff) me faz refletir sobre as estranhas amenidades que se infestam em nossas relações cotidianas. Talvez por considerá-la uma das obras mais cínicas e, por isso realista, que poderia ter sido composta.

E ao falar de cinismo:

– Não tô achando esse assunto!

– É só procurar em outro livro.

– Ô... divide teu assunto comigo!

– Não.

– Aff! Mas tu é ruim!

(Silêncio)

– Pois... pesquisa pra mim!

– Não.

– Por quê? Eu pago!

– Não estou disponível pra fazer isso pra ti.

– Essa é tua última palavra?!

– Não.

– Então...?!

– Esta é minha posição!

...

O silencio soou eloqüente para uma certeza e uma dúvida:

– Diabo ruim! Ele vai ver! De’star! Nunca mais peço nada a ele!

– Quando será a próxima vez?

quinta-feira, 24 de julho de 2008

Apresentação

Ao som de “Casa” (Lulu) – 24 de julho de 2008 / 10:44 h

Neste momento, sentado em frente ao computador, minha mente divaga sobre o quê devo escrever. Porque este seria o primeiro texto que postarei (postaria ?) no blog recém-criado para mim.

Enfim aconteceu, tenho meu diário virtual. E é assustador.

Ter minha intimidade exposta a todos é algo que supunha não me incomodar... Ok. Uns “quebram silêncios”, outros “caçam-se a si mesmo”, aqueles que “investigam-se cientificamente desde 1985”, os que também “estudam-se esforçadamente”, os que “sempre tentam”, e ainda quem é “sua própria denominação”. E eu?

Ah! sou qualquer coisa que me aprouver; no mais sou também um pouquinho do que encontrarão: minhas fantasias e acima de tudo minhas realidades.

Sou Joaquim Neto, muito prazer!